apenas resta o nada
estou cansada
Cansada de me agradar
agradar-vos
e sofrer punhaladas
Cansada da perfeição
muito amada e pouco amada
perto de ser imperfeita
e chorar por ser magoada
Estou sim, cansada!
dos dias, das noites em vão
do tempo sem dormir e em serão
à procura da solução
derivando entre o sim e o não
Cansada!
dos elogios quando dou e estou presente
e ser relembrada nos piores momentos
cansada da ganância, do abraço longe de mim
esfaqueada quando me encontro no chão e algo é ruim
Cansada!
de julgamentos
de criticas destrutivas, sem calma
de conselhos vazios, amargos
de peritos, grande sabedores, sem alma
Cansada!
que me apontem o dedo quando erro
esquecendo que sou mulher e humana
cansada das palavras onde me enterro
sentimentos pisados e tudo me engana
Cansada!
do pranto à partida
do choro à chegada
em função da vida
Cansada!
de sorrir com a dor a torturar
da cruz que carrego anos seguidos
e a saudade a atormentar
Tenho os ombros doridos, o coração despido
sob a melancolia crepuscular
sob a melancolia crepuscular
dos meus dias, tristonhos, sombrios, perdidos
dedos a sangrar de tantos versos por expressar
Quem, quem, procura saber ou entender?
Esgotada
não falem o meu nome sem ouvir a razão
Estou cansada, repito, cansada!
preciso respirar
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